“Tornar-me vegetariana foi uma forma de me aproximar da natureza”. É o que conta a Chef Malu Paes Leme de 25 anos, que abraçou há 8 anos um estilo de vida totalmente livre de produtos de origem animal. Autora do livro Alimentação Inteligente: Receitas Naturais e dona de um blog de mesmo nome (alimentacaointeligente.blogspot. com.br/), Malu se encantou pela culinária natural, o que a motivou a estudar o assunto no exterior e a compartilhar sua experiência por meio de cursos e retiros. Atuando em locais como o Instituto Pindorama, em Friburgo (RJ), ela afirma que este tipo de comida não tem que ser “sem graça”. Ela conta agora um pouco da sua história.
 

  • Lidando com os conflitos

Aos 17 anos, depois de assistir ao documentário A Carne É Fraca, do Instituto Nina Rosa, tornei-me vegetariana. Comecei a pesquisar mais e vi também o filme Terráqueos, de Shaun Monson, que abrange diversas questões sobre a exploração animal. Três meses depois, resolvi me tornar vegana. No começo, eu discutia muito com as pessoas e com a família. De alguma forma, você quer mostrar o seu lado e dizer que está certo. Isso foi difícil e acho que acontece porque você ainda está tentando lidar com as informações. Para mim, foi muito chocante saber o que acontecia com os animais. Sofri muito. Então, como eu ia saber lidar com os outros? E, para completar, todos acham que você é um maluco. Mas não demorou muito para eu perceber que eu tinha que ser uma pessoa mais calma.
 

  • Alimentação inteligente

Logo que comecei no vegetarianismo, li um livro chamado Você sabe se alimentar?, do Dr. Soleil, que falava um pouco sobre aumentar a ingestão de alimentos crus. Descobri então o frugivorismo, que é um estilo de vida baseado no consumo de frutas maduras e outras verduras frescas, com pouco ou nenhum acréscimo de condimentos. Mas também se consome sementes, oleaginosas, abacate e coco. A proposta é consumir alimentos de baixa caloria, mas em grandes quantidades. Você pode consumi-los crus ou amornados. O frugivorismo fez muito sentido para mim, pois é uma alimentação voltada para pessoas ativas que querem estar em contato com a natureza.
 

  • Paixão culinária

Foi no início do vegetarianismo que começou também meu interesse pela cozinha. Eu pegava receitas na internet, mas nunca saía tão gostoso quanto eu esperava. Então, decidi fazer um curso de culinária. Fiquei encantada. Comecei a praticar todos os dias e isto despertou em mim uma paixão por experimentar e criar receitas.

Dessa paixão, veio a vontade de quebrar o preconceito que todo mundo tem com a comida natural. Muitos acham que comida natural é alface, tomate e pepino, e que é impossível encontrar uma comida gostosa natural. Com as minhas aulas de culinária, tento mostrar que ela pode, sim, ser simples e saborosa. Agora, estou planejando também uma ação em escolas, para levar às crianças esta questão de se reconectar à natureza. Procuro levar às pessoas o acordar dos sentidos, pois com a alimentação vegetariana, você se sente melhor, respira melhor, dorme melhor, tem muito mais pique.

Além de ter mais vontade de assumir esse desafio, que é se alimentar bem na cidade grande. Você fica motivado a ir atrás do seu alimento, a pesquisar as feiras orgânicas e a trocar informações.
 

  • Disposição

Comecei a ter mais consciência corporal quando me tornei vegetariana. Na época, eu fazia yoga e quando mudei a alimentação, senti na hora uma melhora na flexibilidade e na leveza. Com o frugivorismo, senti ainda mais benefícios. Agora, estou me preparando para minha primeira maratona, de 21 km. Meu treinador também é vegetariano e é muito aberto para esta questão da alimentação crua e natural.

 

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Vegetarianismo na prática, edição 81