O debate sobre se referir aos alimentos como “carne” de soja, “hambúrguer” de lentilha, ou “salsicha” de cogumelos é um dos assuntos mais comentados, do setor, ao redor do mundo. Na França, por exemplo, foi aprovada uma medida que proíbe uso de denominações como “filé vegetariano” e “salsicha de soja” para descrever produtos sem origem animal. A ação aconteceu em maio do ano passado, alegando que esses termos confundem os consumidores e os fazem acreditar que sejam feitos de proteína animal.

Nos Estados Unidos, uma lei do Mississipi proibia empresas de venderem produtos vegetais com nomes como “hambúrguer”, “carne”, “salsicha”, entre outros. Esta medida havia entrado em vigor em julho deste ano. No entanto, em setembro, o governo do estado divulgou que a regra não será mais válida e propôs um novo posicionamento. As empresas veganas poderão utilizar os termos comumente vinculados a produtos cárneos contanto que utilizem uma palavra, em conjunto, esclareça que o produto não é carne.

No Brasil, em maio de 2019, o deputado federal Nelson Barbudo protocolou um Projeto de Lei (PL) que impacta diretamente o mercado vegano. De acordo com o PL 2876/2019, torna-se proibida a utilização de termos como “carne de jaca”, “carne de soja”, “bacon vegano”, “salsicha de soja”, “hambúrguer vegetal” ou outra denominação que estabeleça ligação entre produtos cárneos e vegetais. Até o momento o projeto segue em fase preliminar de tramitação.

A campanha vegana e a ressignificação de palavras

De olho no futuro e pensando em reforçar esse conceito, foi criada uma campanha vegana que fala sobre ressignificação das palavras, em um vídeo de quase 2 minutos assinado por 83 empresas diferentes.

Uma timeline se passa, enquanto uma mulher mais velha, fala sobre todas as evoluções que já passou na vida. Palavras na tela com seus respectivos significados sendo apagados são mostradas ao longo do vídeo.

Campanha Vegana 2019

“Carro é um veículo movido a combustão, então carro elétrico deveria se chamar carro? Ou cerveja sem álcool de cerveja?”, questiona o publicitário e idealizador da campanha Brunno Barbosa, que também é sócio fundador do açougue vegano No Bones – The Vegan Butcher Shop.

“O mundo evoluiu, assim como as palavras e seus significados vêm sendo atualizados”, afirma Fabio Chaves, co-idealizador e editor do portal Vista-se, maior portal sobre veganismo da América Latina. “Nossa ideia, é mostrar de forma pacífica e emocional, com exemplos práticos, que não é coisa de outro mundo um hambúrguer ser de vegetais, ou uma salsicha de grãos. Acredito que com o tempo isso vai ser considerado normal no dia a dia das pessoas”, completa.