Autor: Samira Menezes –

 

Uma pesquisa feita por nutricionistas da Universidade Federal de Pelotas (RS), publicada na Revista de Saúde Pública, mostrou que em um grupo de quase 4.500 crianças de 10 a 12 anos, 83,9% consumia uma dieta pobre em fibra e mais de um terço era adepto de uma alimentação rica em gordura. Hábitos capazes de formar adultos doentes e acima do peso.

Assim como as boas maneiras sociais, ensinar os pequenos a apreciarem o sabor de alimentos naturais é uma lição que começa em casa. A nutricionista do Sesi, Rosinéia Bigueti, lembra que a criança passa por várias fases em relação à comida e isso deve ser usado a favor da saúde delas. Quando ainda é bebê, explica a especialista, normalmente a criança aceita todos os alimentos. Portanto, essa fase é ótima para habituar o paladar. “Ouço muitas mães dizerem que colocam todos os legumes na sopa dos filhos pequenos. A criança acaba tomando aquela sopa, com aquele mesmo sabor, todos os dias. Está errado. É importante alternar os alimentos para desenvolver a palatilibilidade. Sempre oferecer alimentos novos a cada dia. Não precisa fazer sopa de mandioquinha com batata, por exemplo, faz só de mandioquinha num dia. No outro dia, sopa de outra coisa”, ensina.

Depois vem a fase dos três aos cinco anos, quando a criança tende a rejeitar a comida por estar mais interessada em brincar e chamar a atenção dos pais. Nessa fase, aponta Rosinéia, os pais precisam ter doses generosas de paciência e acompanhar o filho na hora de comer. Sem esquecer de oferecer alimentos de uma forma diferente, como bolo de abobrinha ou de berinjela. “Os pais não precisam dar na boca, mas sim incentivar, fazer companhia na hora da refeição e, principalmente, respeitar o gosto da criança. Se ela não gosta de brocólis, mas come outros vegetais, por exemplo, não precisa forçar o brócolis. É um processo de educação e paciência”. Aliás, os hábitos dos pais é o que, na opinião de Rosinéia, determina que tipo de adulto será o filho: saudável ou não. “As crianças pegam os hábitos dos adultos, ou seja, o processo de educação alimentar deve começar na gravidez. Muitas vezes são os pais quem precisam passar por esse processo de educação alimentar primeiro, seja ele vegetariano ou não”, conclui.

 

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Matéria de capa, edição 45.