Autor: Amanda Secco –

 

Em junho de 2013, a universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) suspendeu o uso de animais em suas aulas práticas de cirurgia do curso de medicina. A mudança ocorreu após uma decisão da Justiça Federal, que deu ganho de causa a uma ação movida pelo Instituto Abolicionista Animal (IAA). O diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFSC, Sérgio Torres, revela que novas tecnologias já estão sendo buscadas. “Estamos fazendo um levantamento de manequins substitutivos, de diversas tecnologias e custos. A ideia é que eles possam ser utilizados no segundo semestre do ano letivo”, conta.

Cerca de 60 ratos eram utilizados por ano na disciplina para o treinamento de procedimentos cirúrgicos, como suturas e cortes. Para Torres, a substituição dos animais não tem impacto na qualidade do aprendizado. “Existem manequins feitos com materiais plásticos modernos, que possuem imitações de veias. Se o aluno rompê-las, há uma espécie de sangramento. São simulações muito próximas ao corpo humano”, argumenta. “Além disso, o aluno só aprenderá mesmo na situação real. Animais e modelos são apenas uma tentativa de dar ao aluno uma habilidade mínima”.

Para a advogada e vice-presidente do IAA, Danielle Tetü Rodrigues, esse foi apenas o primeiro passo. “É muito bom saber que o Judiciário não está alheio às questões relacionadas aos animais. Estamos felizes em receber notícias de universidades interessadas em atualizar seus modelos de ensinamento. Uma delas foi a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que em junho de 2013 decidiu adotar técnicas alternativas no curso de medicina veterinária”. Torres acredita que é uma questão ética: “Vale a pena usar animais frente às alternativas existentes?”.

Apesar do posicionamento do Centro de Ciências da Saúde da UFSC, o departamento jurídico da universidade, infelizmente, decidiu recorrer da decisão. A justificativa é de que, anteriormente, a instituição não estava infringindo a lei e que deve ter liberdade de escolha. Até o fechamento desta edição, a UFSC ainda estava impedida de usar animais em suas práticas de medicina. Resta torcer para que a universidade continue assim e para que a moda pegue em todos os lugares.

 

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Viva em harmonia, edição 81, de julho de 2013.