Por: Samira Menezes –

Ela chegou recentemente às prateleiras brasileiras, mas não precisou de muito tempo para cair nas graças dos especialistas em nutrição e de cardiologistas. Assim como a já famosa semente de linhaça, a chia promete se manter firme na lista dos alimentos-chaves para vegetarianos ou não. O motivo é simples: boas quantidades de nutrientes essenciais à boa saúde, principalmente à do coração – apesar de ele não ser o único órgão beneficiado por ela. Ossos, músculos, intestinos, cérebro, peso corporal também recebem uma ajuda interessante da chia.

Para ter uma ideia do poder nutricional dessa pequena semente, que visualmente lembra uma semente de gergelim mais rechonchuda e escura, a nutricionista Bruna Murta, da rede Mundo Verde, resume: “A chia é a maior fonte de ômega-3 de origem vegetal, essencial para a saúde cardíaca. Apresenta o maior teor de proteínas, quando comparada a outros grãos, como quinua e amaranto; tem mais potássio do que a banana; maior teor de magnésio do que nozes; fornece mais ferro do que o espinafre; contém mais cálcio do que o leite; e mais fibras do que a aveia”.

Coração saudável com o ômega-3

Para facilitar a vida dos vegetarianos e de cardíacos que devem aumentar o consumo de ômega-3 (um tipo de gordura do bem), a chia aparece como uma excelente e saudável alternativa de consumo dessa gordura tão importante para o coração. “A chia é rica em ômega-3, um ácido graxo essencial ao organismo, porque nosso corpo não é capaz de produzi-lo, devendo ser ingerido com a alimentação”, revela a nutricionista Bruna.

Ela explica que o consumo do ômega-3 está associado à redução do colesterol, triglicérides e pressão arterial, prevenindo problemas cardíacos, além de diminuir as chances de proliferação de células cancerígenas. “A baixa ingestão de ômega-3 tem sido associada também a desordens psíquicas, como depressão, ansiedade e agressividade”, afirma a nutricionista, que lembra ainda da contribuição do ômega-3 para o controle do apetite, já que ele é capaz de retardar o esvaziamento gástrico. Para os atletas, acrescenta a nutricionista Dra. Andréia Naves, da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional (SBNF), novas pesquisas especulam que o ômega-3 presente na chia seja capaz de aumentar a energia. “Isso porque o ômega-3 presente nos grãos de chia pode elevar a carga de carboidratos, permitindo que os atletas aumentem a oxidação de gorduras enquanto poupam a reserva de energia das células”, esclarece.

Outra vantagem da chia é o balanço adequado que a semente tem entre o ômega-3 e o ômega-6. Fazer esse balanceamento entre os dois tipos de gordura também deve ser levado em consideração por quem pensa em boa nutrição. “Cerca de 60% dos lipídios da chia correspondem ao ômega-3 e 40% ao ômega-6”, calcula a nutricionista Thaisa Navolar. Ela explica que a alimentação atual de grande parte da população (e aí estão incluídos vegetarianos ou não) é pobre em ômega-3 e rica em ômega-6 – este último presente nos óleos vegetais, com exceção do óleo de linhaça, e nos alimentos de origem animal (carnes, ovos e laticínios). “Este desequilíbrio torna o perfil da dieta inflamatório, prejudicando a integridade das membranas celulares e as funções neurológicas”, avisa Thaisa. Por isso a importância de aumentar o consumo de ômega-3 e reduzir o de ômega-6. “Dessa forma, é recomendado o consumo diário de fontes de ômega-3, como a chia ou a linhaça. No caso da chia, o consumo pode ser de uma colher de sopa do seu óleo por dia, que pode ser utilizado como tempero na salada.”

Sobre esse balanceamento entre os ômegas, a nutricionista Priscila Di Ciero, especialista em Nutrição Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional (SBNF), novas pesquisas especulam que o ômega-3 presente na chia seja capaz de aumentar a Esportiva Funcional, de São Paulo, destaca que ômega-3 não é tudo igual. “O ômega-3 da linhaça e da chia, por ser de origem vegetal, é do tipo ALA; e o de peixe é do tipo EPA/DHA – que é mais fácil de o corpo aproveitar.”

Por isso, ela ensina que uma das estratégias para garantir boa conversão de ômega-3 ALA para EPA/DHA é evitar alimentos processados e ricos em gordura trans, “pois eles possuem alto teor de ômega-6, desequilibrando muito o organismo, aumentando o grau de inflamação e prejudicando ainda mais a conversão”.

Além desses benefícios, o abençoado ômega-3 pode ainda melhorar a aparência da pele. “Isso porque ele pode exercer efeito protetor contra as agressões causadas pela radiação ultravioleta, reduzindo a inflamação local, o risco de câncer e retardando o envelhecimento”, acrescenta a nutricionista Dra. Valéria Paschoal, da SBNF. Para as gestantes, é importante lembrar que tanto o ômega-3 quanto a vitamina B12, dois nutrientes a que os vegetarianos devem dar atenção especial, são extremamente importantes para a formação neurológica dos fetos.

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Matéria de capa, edição 69.